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Liberdade exige responsabilidade em conhecer-se

O que leva a pessoa a manter-se numa posição de insatisfação? Insatisfação no emprego, relações, vida pessoal, profissional, funcionamento destrutivo, etc? Poderíamos dizer que isso é liberdade?

Livre por manter-se preso, ou infeliz por estagnar-se? Como funciona essa liberdade em viver a realizar determinados atos que não quer fazer?

Para entendemos melhor essa concepção de liberdade retomo os conceitos de Sartre , essa liberdade em sua teoria é um conceito ontológico, ela é definidora da realidade humana. Nessa concepção a liberdade não é algo a ser conquistado pelo homem, ela faz parte da realidade. Para Sartre o homem é a liberdade, essa liberdade é algo a ser exercido e não conquistado .”Ela está inteiramente abandonada, sem nenhuma ajuda de nenhuma espécie, entregue a sua insustentável necessidade de se fazer ser até os mínimos detalhes. Assim, a liberdade não é um ser: ela é o ser do homem, ou melhor, seu nada de ser. (…)“. (Sartre 1943, p. 516 )

Essa liberdade gera angústia, pois ela exige responsabilidade. Exige escolhas e renúncias . Um indivíduo que escolher estagnar-se por medo de falhar, ou decide nada escolher, ele já fez uma escolha e não estará livre da angústia e das responsabilidades desta. “( O homem não poderia ser ora livre e ora escravo: ou ele é inteiro e sempre livre ou não o é. (Sartre 1943, p. 516).

Em Psicanálise a liberdade é um termo difícil e complexo, ao falar em liberdade direciono-me ao inconsciente onde este se abre a liberdade . Pois o pensar conduziria a liberdade. Como no caso das histéricas de Freud, ele fez um grande avanço nesse sentido ao ver a relação da histeria com a sexualidade infantil, fazendo com que a sociedade se libertasse do mito concernente à sexualidade. Em seu livro “O Mal estar da civilização” a liberdade é enfatizada em duas vertentes: a primeira está ligada à civilização que se revolta com as injustiças objetivando o seu aprimoramento; a segunda se confronta com o desenvolvimento da civilização (personalidade original), na medida em que resiste ela se alia aos processos de pulsão de morte, tendo como consequência os mecanismos de agressividade. “Podemos, portanto, localizar a liberdade apartada no nível da realização pulsional e também na própria constituição do sujeito, uma vez que seu superego pressiona, não permitindo liberdade, nem ato e nem desejo, configurando-se como uma autoridade interna que agencia o sentimento de culpa. Que não é sentida como tal, parte permanece inconsciente, enquanto a outra aparece sob forma de mal-estar. “( p.04 Breder 2010). Para Freud os homens pagam um preço ao avançarem, seus avanços não conciliam com a felicidade, os seus sentimentos de culpa supressionam a liberdade.

A concepção de liberdade torna-se difícil pois depende de qual ponto teórico irá tomar como ponto de partida.

No livro Psicanálise e liberdade – a analise como processo de emancipação, Freud mostra a necessidade da insubordinação ou a doença psíquica como privação da liberdade interior. A liberdade estaria relacionada ao processo de cura.

Referências:

Schneider,Daniela Ribeiro Liberdade e dinâmica psicológica em Sartre.Nat. hum. v.8 n.2 São Paulo dez. 2006

 

SARTRE, Jean-Paulo. O ser e o nada: ensaio ontologia fenomenologia. Petrópolis. Vozes. 1943

 

GAIARSA, Andre. Psicanálise e Liberdade: análise dos processos de emancipação. Editora Zangodoni. 2013

Tatiane Navega

Psicóloga